Ilhas Brasil
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Dez aforismos para descartar no milênio
I Furo bom é o que não deixa vazar nada antes da matéria publicada. II O que a imprensa diz de original num dia, dia seguinte vira sabedoria, no terceiro vai com a água o bebê e a bacia. III Não se fie nas grandes revelações em geral os fatos são modestos, corriqueiros, banais; o editor os veste de espetáculo, o leitor consome o inusitado para ir contra a corrente nada mais. IV Se o cachorro morder o homem, trivial; se o homem morder o cachorro, notícia. Se o cachorro morder o cachorro e o homem o homem, malícia! V Contra a mordaça liberdade de impressão. VI Caminha psicografado por Monteiro Lobato, psicografado pela mídia/imprensa, psicografada pelo sertanejo – country: Brasil, plantando dá, não plantando, dão. VII Na falta do fato, a versão; na falta da versão o fato; na falta dos dois, a falta. VIII Apoiado na coluna dos editoriais, o leitor fotografa-se para a posteridade do dia seguinte. IX Um pouco de enredo não faz mal à notícia; se o fato é parco de veracidade, vista-o de verdade fictícia. X Carta ao leitor: decifra-me, ou nos devoram. |